A ITV brasileira está a registar uma evolução surpreendente, assumindo a liderança entre os países da América do Sul. Outrora concentradas na satisfação das necessidades do mercado interno, as empresas do país estão a conquistar novos mercados e a moda brasileira é já uma referência internacional.
Neste momento, o Brasil parece ser a força motriz do crescimento económico da América Latina. Apesar da crise económica, o PIB do Brasil cresceu 5,1% em 2008. Embora tenha caído ligeiramente em 2009, o Brasil tem uma das economias em mais rápida recuperação no mundo e o seu PIB, de acordo com o previsto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), deverá recuperar quase completamente em 2010, crescendo entre 4 e 5%.
A indústria têxtil brasileira emprega atualmente 1,6 milhões de pessoas de acordo com a ABIT, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, sendo composta por mais de 30 mil empresas. Em 2008, o valor estimado do mercado têxtil e de vestuário foi de 43 milhões de dólares (31,5 milhões de euros).
O Brasil é atualmente o sexto maior produtor têxtil do mundo e o segundo maior produtor de denim. Segundo a ABIT, o país produziu 2,05 milhões de toneladas de fibras e filamentos em 2008 e 9,8 mil milhões de peças de vestuário. O Brasil tem uma capacidade instalada de 5,2 milhões de fusos, 370.000 rotores OE, 47.500 teares sem projétil e 30.000 teares de projétil, segundo os dados da ITMF.
Apesar da grande maioria dos seus produtos têxteis e vestuário serem destinada ao mercado interno, o Brasil tem vindo recentemente a colocar mais ênfase no seu mercado de exportação.
Em 2000, a organização Texbrasil foi criada para promover os produtos têxteis brasileiros no exterior e ajudar a preparar as empresas brasileiras para competirem externamente. Em Janeiro de 2010, o Texbrasil revelou a sua ambiciosa meta de trabalhar com a ABIT e a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos), para impulsionar as exportações da moda brasileira para os 572 milhões de dólares em 2010. A sua estratégia tem como meta 38 países, incluindo Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos (EAU) e Egito.
Exportações de têxteis e vestuário
As exportações brasileiras de têxteis e vestuário cresceram 2,57% em volume e 6,49% em valor em 2008, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
Em 2008, o Brasil exportou 627 mil toneladas de fibras (no valor de 862,50 milhões de dólares, ou 631,2 milhões de euros), 21.400 toneladas de fios (101,9 milhões de dólares), 8.900 toneladas de filamentos (49,70 milhões de dólares), 55.200 toneladas de tecido (383,5 milhões de dólares), 1.120 toneladas de linhas de costura (15,99 milhões de dólares), 58.000 toneladas de artigos confeccionados (556,2 milhões de dólares) e 140.000 toneladas de outros têxteis (455,4 milhões de dólares), totalizando 911.640 toneladas, avaliadas em 2,425 mil milhões de dólares (1,77 mil milhões de euros).
De acordo com o MDIC, a Argentina é o mercado mais importante do Brasil para os produtos têxteis e vestuário, importando um volume 116.400 toneladas, avaliado em 519,9 milhões de dólares em 2008. Na segunda posição encontram-se os Estados Unidos da América, que compraram 105.000 toneladas no valor de 372,2 milhões de dólares. Paquistão, Indonésia e Coréia do Sul completam a lista dos mercados mais importantes, com valores de 150,9 milhões de dólares, 121,1 milhões de dólares, e 102 milhões de dólares, respectivamente (de salientar que 98% das vendas para estes três países foram fibras de algodão). Paraguai, México e Venezuela também são mercados importantes.
Modas vibrantes
Em termos de moda, o Brasil está a vibrar. «Atualmente, a Semana da Moda de São Paulo é reconhecida internacionalmente como um dos desfiles mais importantes e influentes. Nomes como Alexandre Herchcovitch, Osklen e Isabela Capeto foram lá apresentados pela primeira vez este ano. “Compradores da Bergdorf Goodman, Tobe, Rush, Ultimo, Scoop, Boutiqueye, Feathers, Felous Fashion, Le Gran Bazar, Al Houssami e Etoile, vêm regularmente a este evento para procurar novos designers», afirma Camila Toledo, diretora de tendências na América Latina para a Stylesight, o fornecedor on-line de tendências, ferramentas e tecnologia para profissionais de criação de moda. «Em geral, os designers europeus ou norte-americanos olham para o Brasil procurando inspiração para estampados destinados a artigos de praia e roupa de banho. Neste momento, também observamos muito interesse pelos grandes nomes por trás do nosso estilo de streetwear, como OsGemeos, Nina Pandolfo e Nunca».
Fonte: Portugal Textil