sexta-feira, 17 de julho de 2009

Mercado chines, novos desafios

A China pode virar o maior mercado de luxo do mundo dentro de alguns anos, mas os desafios culturais para ganhar os consumidores para certos tipos de produtos continuam. Além disso, a falsificação é ainda um problema para os grandes nomes do luxo.
A marca de champanhe Taittinger revela que poderia fazer o seu espumante de luxo na China, mas que o mercado ainda não está pronto para isso. Enquanto a Lamborghini considera que a tradição de motoristas de luxo, mais do que a condução esportiva, torna a expansão no país um desafio. O joalheiro Van Cleef&Arpels, detido pelo Richemont, acredita que é difícil passar a sua mensagem de marca, enquanto o relojoeiro Parmigiani Fleurier preocupa-se em encontrar os parceiros certos. «O desafio específico em relação à China é encontrar uma empresa chinesa em que se possa confiar e que perceba o negócio do luxo», afirma Jean-Marc Jacot, diretor-executivo da empresa de relógios de luxo. A Taittinger, por seu lado, explica que há muitos lugares na China onde poderia considerar produzir suas bebidas de alta qualidade - o champanhe só pode ser feito na região francesa - mas os paladares chineses ainda não estão acostumados à bebida cara. «É provavelmente um pouco cedo», refere Pierre-Emmanuel Taittinger. A Hermès, cujas bolsas de luxo são produzidas na França, também poderia ponderar na produção de artigos na China se conseguisse encontrar artesãos para fazer os artigos originais, mas enfrenta ainda outro problema: a falsificação no país. «A nossa imagem está muito afetada pelas falsificações. É por isso que estamos lutando muito contra isso», explica o diretor-executivo, Patrick Thomas. «Quando as pessoas na China vêem uma falsificação, acham que é original». A falsificação custa aos grupos de luxo vários milhões de euros em vendas perdidas todos os anos e as imitações estão se tornando cada vez mais refinadas e sofisticadas. «O desafio na China é ser capaz de explicar às 1,3 bilhões de pessoas o que representa a nossa marca», revela o diretor-executivo da Van Cleef&Arpels, Stanislas de Quercize. Embora o número pessoas de classe alta na China deva continuar a crescer constantemente, a maior parte da população do país não pode comprar marcas ocidentais de luxo. No entanto, os grupos de luxo concordam que a China, onde os consumidores são muito conscientes das marcas, se tornará o principal mercado da indústria e, este ano, será um dos poucos mercados emergentes a registrar crescimento. «A China será um dos mercados, ou mesmo o mais importante mercado a médio e longo prazo», considera a gestora de fundos de luxo Scilla Huang Sun. «Os chineses não vão comprar os produtos de luxo como os russos, mas há muitos chineses. Eles poupam muito e é um país muito grande». No início de Junho, a Bernstein anunciou que o seu estudo sobre as marcas de luxo chinesas sugere a resistência da procura no primeiro e segundo trimestre de 2009, mais especificamente para as mega-marcas com grande notoriedade. A China tornou-se o principal mercado de conhaque Hennessy do Lvmh e o segundo maior mercado para a moda e artigos em pele da Louis Vuitton. Para a Lamborghini, irá superar a Itália como o segundo maior mercado, logo após os EUA, daqui três ou cinco anos. «Os Chineses adoram o que sai da Europa. Se for europeu é algo que querem possuir», afirma Stephan Winkelmann. A Watchmaker Hublot, na China desde janeiro, planeja abrir 10 lojas até ao final de 2009. Até 2012, gostaria que a China fosse o terceiro ou quarto mercado a seguir aos EUA, Europa e Japão. «Acho que há muita gente que fala da China como o maior mercado Premium, porque vêem o crescimento de uma pequeníssima base para uma base muito grande», considera Tom Purces, diretor-executivo da empresa britânica de automóveis de luxo Rolls Royce. «Passamos de meia dúzia de carros na China para mais de 100 carros no ano passado. Isso é muito em um período de tempo muito curto. Mas não acredito que o crescimento seja sustentável a esse nível», conclui.
FONTE: Portugal Têxtil
Edição: Marcia Kimie
Foto: Reprodução

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