domingo, 28 de junho de 2009

Os numeros do mercado de moda no Brasil - Parte 2

Com um volume de negócios de US$43 bilhões, a ITV brasileira é a sexta maior do mundo, emprega 1,7 milhões de pessoas e o custo/hora é 20% do que é pago nos EUA. Mas serão argumentos suficientes para transformar o Brasil num ´campeão´ de exportações?
O Brasil possui um mercado interno com 200 milhões de consumidores e um PIB em crescimento constante, mesmo no atual período de crise internacional. Com estes indicadores, a necessidade de exportar é reduzida ou até inexistente. Mas, conforme foi referido na primeira parte do artigo, será que num futuro próximo, o Brasil vai se transformar num "campeão" das exportações?
As importações estão "explodindo". Comparado com muitos outros países, o Brasil é, em termos relativos, um importador de têxteis e vestuário ainda muito modesto. Comparando as importações em 2008 (3,8 bilhões de dólares, excluindo as fibras de algodão), com o consumo nacional correspondente (45,1 bilhões de dólares), evidencia-se que a quota das importações é inferior a 8,5%. No entanto, Roberto Prado, presidente do IEMI (Instituto de Estudos de Marketing Industrial, São Paulo), afirma que «não há dúvida de que o maior desafio hoje enfrentado pelo setor têxtil e do vestuário tem sido a aceleração do crescimento das importações brasileiras de matérias-primas e produtos acabados». Entre 2003 e 2007, as importações brasileiras de fibras e têxteis praticamente triplicaram - de cerca de 1 bilhão de dólares para cerca de 3 bilhões de dólares. Durante este período, houve um registro de crescimento exponencial principalmente nas importações de fios e linhas - de 33 milhões de dólares para 495 milhões de dólares - e malha - de 8,8 milhões de dólares para 255 milhões de dólares -. Em 2008, o valor em dólares das importações do setor (excluindo as fibras de algodão) aumentou 31%, passando dos 2.883 milhões para os 3.776 milhões de dólares. Durante o primeiro trimestre de 2009, devido à crise financeira mundial, o total das importações brasileiras de têxteis e vestuário diminuiu 37% em volume e 15% em valor (dólares). Considerando isoladamente as importações de vestuário, evidencia-se, contudo, um aumento surpreendente, de 75%, para os 275 milhões de dólares durante o primeiro trimestre deste ano. Segundo a ABIT, 72% das 18 mil toneladas de vestuário importado são provenientes da China. De salientar que algumas categorias de produtos, que foram monitorizadas até ao final de 2008, ao abrigo de um acordo entre o Brasil e a China, para o auto-controle chinês, mostram um crescimento importante, nomeadamente a seda (+147%), camisetas de malhas (+236%), casacos (+260%) e veludo (+805%). _ Retalho atrai investidores estrangeiros De acordo com Fabrizio Broggini, da empresa de consultoria Broggini do Brasil, o mercado brasileiro oferece um retorno mais rápido sobre o investimento do que os outros mercados BRIC, incluindo a China. Esta é, segundo o responsável, a principal razão pela qual os investidores estrangeiros estão mostrando um interesse crescente pelo Brasil. Enrique Coppel, proprietário da Coppel, rede de varejo mexicana com mais de 750 lojas de móveis, vestuário, calçado e eletrônicos, está entre as várias empresas estrangeiras que se preparam para entrar no mercado brasileiro.
Carlos Ferreirinha, ex-presidente da Louis Vuitton no Brasil e atual diretor da empresa de consultadoria MCF, em São Paulo, argumenta que a atual crise global poderia ser uma vantagem para o Brasil. Ferreirinha considera que, até agora, os grandes players do luxo sempre favoreceram os mercados europeu, norte-americano e japonês. Mas, para estabilizarem as suas receitas, têm agora também que olhar para os mercados emergentes como o Brasil. «Isto pode certamente trazer mais investimentos para o Brasil nos próximos anos», afirma o diretor da MCF.
Em Junho de 2009, um centro comercial de produtos de luxo com 80 lojas, batizado Outlet Premium e gerido pela General Shopping, vai abrir as suas portas em São Paulo, contando com a presença de marcas internacionais como Zegna, Diesel e Ralph Lauren. Também a Hermès poderá fazer a sua primeira incursão no mercado brasileiro.
O Euromonitor International estima que, entre 2009 e 2013, o varejo brasileiro deverá crescer 24%, enquanto que o crescimento para a América Latina deverá ser somente 18%.
Entretanto, algumas marcas internacionais já estão colhendo os frutos da sua presença no Brasil. Em 2008, a C&A surpreendeu o mercado brasileiro de vestuário, ao ser a primeira marca de varejo em que os brasileiros pensaram, em uma pesquisa realizada pelo jornal Folha de São Paulo. Comparado com a taxa de 11% de preferência da C&A, as redes de vestuário brasileiras ficaram bem para atrás: Pernambucanas (5%), Marisa (4%), Renner (3%) e Riachuelo (3%).
A multinacional holandesa, que tem cerca de 150 lojas em mais de 60 cidades do Brasil, atribui o seu sucesso a uma inteligente combinação de preços competitivos e alto impacto no mercado, onde contou com as campanhas de modelos brasileiras famosas, como Gisele Bündchen, Daniela Sarahyba e Fernanda Lima. E mais recentemente com a cantora Fergie.
FONTE: Portugal Têxtil
Edição: Marcia Kimie
Foto: Reprodução

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