sexta-feira, 4 de julho de 2008

Voce sabe o que faz um Merchandiser na moda?

A profissão de merchandiser ganha cada vez mais espaço no universo da moda e do luxo. São muitas as marcas de luxo que procuram estes novos perfis. Recentemente, a New Look organizou um almoço aos futuros candidatos, enquanto que a H&M colocou um anúncio de recrutamento no seu website, acrescentando uma definição precisa, pois as tarefas que envolvem ainda são desconhecidas para muitas pessoas. Anteriormente, esta profissão era conhecida como "decorador", o que invocava a imagem de uma pessoa que se contentava em aplicar, aqui e ali, um toque decorativo. Na verdade, trata-se de aperfeiçoar as lojas, tanto em termos de ferramentas de venda como de marketing. Os candidatos recebem orientação de como formar, motivar e treinar os colegas, para que reajam sempre em termos comerciais, não esquecendo, certamente, que a moda está no centro de toda essa atividade. No final, a apresentação dos produtos, das vitrinas, o arranque das campanhas, as tendências e os elementos publicitários devem ter um impacto claramente visível no volume de negócios e nas vendas da loja. Estas profissões, muito procuradas pelas marcas, não são novidade, mas evoluíram consideravelmente ao longo do tempo apesar dos seus contornos estarem ainda mal definidos, como provam as diferentes designações adotadas: merchandiser, responsável pela identidade visual, encarregado da logística na loja, diretor de imagem ou ainda vitrinista. A lista é longa. Béatrice Quérette, dirigente da agência Merchanfeeling, deu uma lista de trinta designações diferentes. Não há muito tempo, o serviço de merchandising de uma marca - se existia - contentava-se em conceber as vitrinas e a exposição dos produtos. Atualmente, a maior parte das marcas desenvolve verdadeiras políticas de merchandising, para se diferenciar dos concorrentes e afirmar o seu posicionamento. A chegada de marcas como a Zara, H&M e, mais recentemente a New Look na França conhecem mesmo este fenômeno. Estas últimas trouxeram juntamente com o seu modelo econômico, uma visão baseada no merchandising, com a apresentação dos artigos em loja e nas vitrinas em perpétuo movimento. Na Grã-Bretanha a profissão de merchandiser é reconhecida há muito tempo e a função está claramente definida. «Há a profissão de comprador, de um lado, e de merchandiser do outro. O primeiro faz o plano das coleções, o segundo faz a distribuição, em função da capacidade das lojas e do perfil dos clientes que as freqüentam», observa Béatrice Quérette. O visual merchandiser é outra função do mesmo departamento. Este gera visual, anima as vitrinas, dispõe as coleções com a ajuda dos manequins, apoiando-se sempre nas linhas diretrizes do merchandising, conhecidas como "guide lines" ou "guide books", concebidos previamente no núcleo das empresas. «Na Grã-Bretanha há várias categorias de visual merchandisers. Os "indoor" são os que concebem o interior dos pontos de venda. A H&M tem um por loja, por exemplo. Os "window dressers" são os que se ocupam das vitrinas. Há também os "outdoor", que estão encarregados de diversas lojas», explica Bétrice Quérette. Mas o visual merchandiser já não tem atualmente muito a ver com o "vitrinista" de ontem. «Anteriormente, o vitrinista ia ao ponto de venda e trabalhava a estética», explica Françoise Sackrider, autora de um livro sobre merchandising visual intitulado "Lèche-vitrines" e diretora do programa de pós-graduação de gestão de moda e design no IFM. «Atualmente, o merchandiser participa desde a concepção das coleções, com os objetivos do volume de negócios e de rotação dos produtos. A profissão tornou-se mais complexa e compreende diversos níveis, na sede e depois no terreno». Os designers e arquitetos trabalham na concepção e imagem da loja e na sua gestão. Mas muitos deles intervêm também no merchandising. «Quando elaboramos um conceito, devemos ter em conta a evolução das coleções, conhecer a identidade da marca, mas também saber que tipo de produtos, que quantidades são vendidas nas lojas. Por isso, trabalhamos com os merchandisers», especifica Véronique Laurent, arquiteta de interiores e dirigente das agências O'Design e Axo Studio. «As lojas com boa aparência que não vendem não me interessam», completa. «Os merchandisers vão decidir como girar os produtos», resume Françoise Sackrider. Mesmo que não haja novos produtos, o merchandiser vai modificar a sua apresentação, para dar uma impressão de novidade ao consumidor. Os artigos no fundo da loja, que não funciona muito bem, serão transferidos para a parte da frente para dinamizar as vendas. Esta direção do merchandising deverá, de acordo com Françoise Sackrider, situar-se ao mesmo nível que as direções de compra e da identidade visual. O visual merchandiser deve criar na loja «histórias de moda» imaginadas na sede da marca, de acordo com as estações e modificadas a cada seis semanas. As adaptações são efetuadas de acordo com os hábitos de consumo em cada país. Poucas escolas dão formação concreta no merchandising no universo da moda. «Nem todos dão forçosamente um bom merchandiser. É preciso saber apresentar os produtos no espaço, gostar do produto, ter um pensamento comercial e ser reativo», conclui Gaëlle Vauche.
Fonte: Portugal Textil

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