Entrevistado pela equipe do blog do SPFWEEK, Paulo Macedo, editor de moda da revista Vogue Portugal, que esteve no Brasil durante o SPFW verão 2009, responde:
portal SPFW >> Paulo, você acompanhou os sete dias do evento, o que mais te chamou atenção na parte estrutural do evento?
P. M. >> Bom, para começar eu preciso lembrar que o evento conta com a ajuda do governo e isso já é um grande avanço; até porque não é comum o governo de um país dar apoio a um evento de moda, ainda mais se for tão grande e inovador quanto este. A estrutura é ótima e quando cheguei aqui fiquei encantado com a Bienal. É extraordinário - eu realmente não tinha noção do tamanho até começar a explorar o prédio entre um desfile e outro. A organização está de parabéns, eu fui muito bem recebido e tive todo tipo de ajuda durante essa semana que fiquei por aqui, sem contar na beleza interna das curvas de Niemeyer e da beleza externa do parque do Ibirapuera, que pode ser aproveitada por qualquer pessoa a qualquer momento. Acompanho as temporadas de Milão, Paris e Madri e só vi algo parecido com isso em Madri e mesmo lá as coisas não são tão próximas e fáceis quanto aqui.
portal SPFW >> E quanto as marcas e suas criações?
P.M. >> Acredito que a moda precisa ter uma identidade acima de tudo e o que a moda brasileira me apresenta é basicamente isso: a genuinidade de uma coleção apresentada por aqui é diferente de qualquer outra apresentada lá fora. O que eu e todos os outros da imprensa internacional que estão comigo buscam é algo made in Brazil. Não queremos ver samba, carnaval... queremos ver o espírito brasileiro impresso em peças usáveis e confortáveis, com boa qualidade e porque não ser 100% Brasil? Pra mim as coleções que mais chamaram atenção foram Osklen, que é sempre muito chic e sofisticada, além disso gostei bastante da Ellus, de Alexandre Herchcovitch masculino, Água de Coco - muito Brasil - e Rosa Chá, que achei sexy e pop. Não posso me esquecer de Priscila Darolt, Reinaldo Lourenço, Alexandre Herchcovicth feminino, Carlota Joakina e Reserva.
portal SPFW >> Há venda de marcas nacionais em Portugal? Como funciona essa venda? Explique também se há uma importância grande quanto o valor das peças quando ela chega ao consumidor final.
P. M. >> Sim há uma grande venda de marcas nacionais em Portugal, mas as pessoas que conhecem as marcas daqui são aquelas que procuram em sites, blogs de moda e revistas como a Vogue. Mas é preciso procurar muito para encontrar uma loja que venda produtos de designers brasileiros. [Para quem nunca teve acesso a revista, é bom lembrar que a Colcci, a Havaianas e a marca Carmen Steffens anunciam mensalmente nas páginas da publicação]. É possível encontrar Ellus, Colcci e Osklen. Essas marcas que acabei de citar já são grandes conhecidas dos portugueses, assim como Havaianas, Água de Coco e Rosa Chá. Quanto ao preço das peças, penso que se um produto - seja ele feito no Brasil ou em Portugal - possuir um design diferente e cobiçado, a peça é claro que sairá por um preço muito maior. Não vou comprar camisetas simples e pagar um preço alto sabendo que posso comprar em uma loja local e pagar muito mais barato, e concordo que algumas peças possuem o preço de marcas consagradas como Prada, mas se a Prada tiver um design inovador, assim como a Osklen possui eu tenho certeza que as pessoas pensarão duas vezes antes de questionar o preço.
portal SPFW >> A revista vai completar seis anos. Desde a primeira edição o que mais chama atenção dos leitores na revista?
P. M. >> Desde que a revista foi lançada, uma das coisas que nunca mudaram foi nosso aprendizado. A cada edição aprendemos mais e mais. Eu costumo usar a expressão "Levando pancada boa" que nada mais é que aprender mais e mais a cada edição. Quando começamos a pensar na revista, queríamos mostrar e oferecer as portuguesas algo que elas nunca tiveram - Espanha não é igual a Portugal, assim como Inglaterra e Estados Unidos também não são. Nosso país tem uma característica própria e foi neste ponto que começamos a desenvolver todo layout e conteúdo da publicação. [Comento sobre a parte de cartas, e Paulo nos surpreende com a resposta] Eu atendo telefonemas de leitoras que não sabem onde procurar tal roupa ou acessório, e faço questão de responder aos e-mails com dúvidas sobre o que vestir, ou o que fazer em diversas situações. Há partes da revista como o 'Compras' que viraram referência, é a oportunidade da mulher ver, desejar e saber que aquilo poder ser seu de alguma forma. Nosso prazer é levar as bancas uma revista interessante e desejada.
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