segunda-feira, 7 de julho de 2008

Paulo Macedo editor da Vogue Portugal responde

Entrevistado pela equipe do blog do SPFWEEK, Paulo Macedo, editor de moda da revista Vogue Portugal, que esteve no Brasil durante o SPFW verão 2009, responde:
portal SPFW >> Paulo, você acompanhou os sete dias do evento, o que mais te chamou atenção na parte estrutural do evento?

P. M. >> Bom, para começar eu preciso lembrar que o evento conta com a ajuda do governo e isso já é um grande avanço; até porque não é comum o governo de um país dar apoio a um evento de moda, ainda mais se for tão grande e inovador quanto este. A estrutura é ótima e quando cheguei aqui fiquei encantado com a Bienal. É extraordinário - eu realmente não tinha noção do tamanho até começar a explorar o prédio entre um desfile e outro. A organização está de parabéns, eu fui muito bem recebido e tive todo tipo de ajuda durante essa semana que fiquei por aqui, sem contar na beleza interna das curvas de Niemeyer e da beleza externa do parque do Ibirapuera, que pode ser aproveitada por qualquer pessoa a qualquer momento. Acompanho as temporadas de Milão, Paris e Madri e só vi algo parecido com isso em Madri e mesmo lá as coisas não são tão próximas e fáceis quanto aqui.

portal SPFW >> E quanto as marcas e suas criações?

P.M. >> Acredito que a moda precisa ter uma identidade acima de tudo e o que a moda brasileira me apresenta é basicamente isso: a genuinidade de uma coleção apresentada por aqui é diferente de qualquer outra apresentada lá fora. O que eu e todos os outros da imprensa internacional que estão comigo buscam é algo made in Brazil. Não queremos ver samba, carnaval... queremos ver o espírito brasileiro impresso em peças usáveis e confortáveis, com boa qualidade e porque não ser 100% Brasil? Pra mim as coleções que mais chamaram atenção foram Osklen, que é sempre muito chic e sofisticada, além disso gostei bastante da Ellus, de Alexandre Herchcovitch masculino, Água de Coco - muito Brasil - e Rosa Chá, que achei sexy e pop. Não posso me esquecer de Priscila Darolt, Reinaldo Lourenço, Alexandre Herchcovicth feminino, Carlota Joakina e Reserva.

portal SPFW >> Há venda de marcas nacionais em Portugal? Como funciona essa venda? Explique também se há uma importância grande quanto o valor das peças quando ela chega ao consumidor final.

P. M. >> Sim há uma grande venda de marcas nacionais em Portugal, mas as pessoas que conhecem as marcas daqui são aquelas que procuram em sites, blogs de moda e revistas como a Vogue. Mas é preciso procurar muito para encontrar uma loja que venda produtos de designers brasileiros. [Para quem nunca teve acesso a revista, é bom lembrar que a Colcci, a Havaianas e a marca Carmen Steffens anunciam mensalmente nas páginas da publicação]. É possível encontrar Ellus, Colcci e Osklen. Essas marcas que acabei de citar já são grandes conhecidas dos portugueses, assim como Havaianas, Água de Coco e Rosa Chá. Quanto ao preço das peças, penso que se um produto - seja ele feito no Brasil ou em Portugal - possuir um design diferente e cobiçado, a peça é claro que sairá por um preço muito maior. Não vou comprar camisetas simples e pagar um preço alto sabendo que posso comprar em uma loja local e pagar muito mais barato, e concordo que algumas peças possuem o preço de marcas consagradas como Prada, mas se a Prada tiver um design inovador, assim como a Osklen possui eu tenho certeza que as pessoas pensarão duas vezes antes de questionar o preço.

portal SPFW >> A revista vai completar seis anos. Desde a primeira edição o que mais chama atenção dos leitores na revista?

P. M. >> Desde que a revista foi lançada, uma das coisas que nunca mudaram foi nosso aprendizado. A cada edição aprendemos mais e mais. Eu costumo usar a expressão "Levando pancada boa" que nada mais é que aprender mais e mais a cada edição. Quando começamos a pensar na revista, queríamos mostrar e oferecer as portuguesas algo que elas nunca tiveram - Espanha não é igual a Portugal, assim como Inglaterra e Estados Unidos também não são. Nosso país tem uma característica própria e foi neste ponto que começamos a desenvolver todo layout e conteúdo da publicação. [Comento sobre a parte de cartas, e Paulo nos surpreende com a resposta] Eu atendo telefonemas de leitoras que não sabem onde procurar tal roupa ou acessório, e faço questão de responder aos e-mails com dúvidas sobre o que vestir, ou o que fazer em diversas situações. Há partes da revista como o 'Compras' que viraram referência, é a oportunidade da mulher ver, desejar e saber que aquilo poder ser seu de alguma forma. Nosso prazer é levar as bancas uma revista interessante e desejada.

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